18 de dezembro de 2007
Porque era pra ser (uma referência a Montaigne)
porque era eu
porque era pra ser
porque não tem porque
por obra do acaso
ou talvez do destino
pelo encontro do olhar
pelo espaço entre as notas
no silêncio da música
porque não tem palavras
porque está nas entrelinhas
porque o tempo se encarrega
porque as almas se entendem
porque o amor não se explica
Necessidade
Tenho necessidade de escrever o que sinto,
assim quanto respiro,
quanto como.
Não como os grandes autores literários.
Longe de mim comparar-me aos mestres.
Mas simplesmente escrever,
escrever por escrever,
pra desabafar,
expressar
falar
dizer
emitir
a profundidade
a simplicidade
da gota
do espaço
entre as coisas
as pessoas
entre as palavras
entre um respiro
entre um ato
seja ele um qualquer.
Um brinde à amizade
Sinto um arrepio neste exato momento ao tentar descrever essa sensação, e ao mesmo tempo um orgulho profundo de estar entre essas pessoas únicas.
Pessoas essas que trazem beleza à vida e torna tudo tão belo quanto ao que elas enxergam.
Um brinde à amizade!
Um brinde às mulheres da minha vida!
Amo-lhes
16 de dezembro de 2007
10 de dezembro de 2007
Contato Improvisação
contato
com tato
contar
contatar
contactar
improviso
improvisar
improvisa ação
improvisação
reflexo
ação
reflexão
introspecção
sociabilização
conscientização
sim e não
união
oposição
ativo
relativo
contemplativo
de pele
corpos
dança
leve e fluida
densa e forte
musica
melodia
dia-a-dia
dialética constante
e a cada instante
um ato
de criação
renovação
inspiração
em eterna profusão
Saudade
saudade da minha terra mãe d'água
terra das águas termais
do banho de cascata
do gosto de ferrugem
do luau no Itapicurú
do passeio fim de tarde no jardim
da conversa fiada
dos amigos de infância
da cachaça na praça até perder as horas
de subir na goiabeira
de ciriguela madura
de roubar manga verde e comer com sal
de chupar caju sem camisa
da rede na varanda e sentir o ar puro
de acordar ao som dos pássaros
do cheirinho de terra molhada
e do sol lascando nas costas
do burburinho da feira
dos rostos enrugados da vida sertaneja
do leite chegando de jegue
e do pãozinho fresco
das bombas de são joão
da cheirinho da roça
do forrozinho descalço
do chacoalhar da carroça
e do galopar do cavalo
ah, saudade tanta que os anos não trazem mais
Desabafo
Nesse viver apressadamente, as pessoas não tem tempo pra nada, cada um tem suas obrigações, seus interesses, tem que trabalhar, estudar, aula disso, aula daquilo, preparar aula pra aluno, estudar pra prova, pro concurso, treinar o inglês, francês, preparar um material pra hoje ainda, um release pra amanhã, tratar as fotos, fazer divulgação, malhar, correr, ir pra ioga, ou pra meditação..Ufa!
Cada qual com seus deveres, afazeres, dores e amores nesse mundo tão cheio, tão intenso e tão individual! Conciliar os tempos, momentos, "granas" de cada um..
Tô com saudade de tomar chocolate quente, jogar carteado ouvindo Mombojó, ver um filminho comendo pipoca, tomar uma naquele barzinho barato (que eu indiquei) ou uma lasanha, jogar conversa fora tomando aquele vinhozinho barato, saber quem é o “peguete” da vez, se tá bem, se tá feliz, se tá sofrendo, se quer colo, ou se conseguiu o emprego, se passou na prova, se entregou o trabalho a tempo, se deu conta do que era pra dar, ou como foi o dia..
Saudade tanta que chega dá um aperto que dói do lado esquerdo do peito e vai até a ponta dos dedos e depois faz escorrer uma lágrima do mesmo lado.
Muita saudade..
Consolo
que pra tudo tem solução
nessa vida de cão
só não tem jeito a morte
e ainda assim se tiver sorte.
Pior mesmo, ócio e tédio
muito menos ódio como remédio.
Que venham os problemas
com todas as suas mazelas
tirando noves fora
ficam elas por elas.
Preço
pois tudo tem seu preço
e nessa caminhada,
certo o endereço
alma lavada
e consciência apreço
De volta
Mas como é de minha natureza insistir
próximo mês
meu mês
primavera chegando
flores brotando
e minha presença será anunciada
através dos pontinhos de luz
que por enquanto estão guardados
mas não apagados
só esperando o momento certo de aparecer.
No entanto, ao anoitecer
deixo como lembrança
beijos de luz através das estrelas
Ao pierrot
ó lindo pierrot
não sejas triste
mais triste é não poder apreciar
suas palavras de poeta
seu dom de trazer leveza à vida
beijo do tamanho da sua forma de ver o mundo
Fases Lunares (referência a Lua Cheia de Rozane Suzart)
Percorri meu trajeto diário para o trabalho
Tudo continuava ali como sempre
As pessoas correndo no calçadão a beira-mar.
O barulho das ondas
O mar refletindo a luz da lua
Sinto cheiro de vida através do vento e dos coqueiros sacudindo
Mas especialmente hoje, era diferente.
Me senti infinitamente compreendida pela lua.
A lua cheia
Ceifa a lua nova.
Vê-la brilhando entre o piscar das estrelas
Tão plena!
Mesmo estagnada no meu tempo, sinto o tempo passando através das nuvens
Que não param de movimentar-se formando paisagens celestiais.. cósmicas..puras
Excêntricos..íntimos..pulsantes..
Os olhares das pessoas passando
Mas ninguém compreenderia tais sensações
Somente a lua
E tal como ela, as fases da mulher..as fases lunares
Que me lembram a vida..a criação..o novo.
Num eterno renascer a cada instante
E o que me deixa em êxtase é saber
Estou viva!
Sumiço
sumido moço!
é o amor te causando alvoroço?
ou a paz naquela vontade de sumir?
por onde andas que nunca te vejo?
manda ao menos um lampejo
um simples sinal de existir!
Para Gicota
gosta tanto quanto sua voz alcança
quanto seu sorriso de mover carrossel
quanto provoca notas ao ar
e faz a vida ser mais leve
tão leve quanto algodão doce
mim te ama!
À Rozane Suzart
morena da bahia
virou guria
saudade tanta
que só se estanca
ao som da sua gargalhada rasgada
do seu jeito de menina
do seu dom de trazer leveza
leveza através da sua arte
ah, que saudade eu tenho!
da sua convivência querida
que os anos tardam em trazer..
ah, um abraço não tem preço
e o seu sorriso tenho apreço
saudade tanta que a distância me fez perceber
o quanto gosto de você
Resposta a Canção de Fernando Pessoa
5 de dezembro de 2007
Da Cor Vermelha
porque é do sangue
do ciclo feminino
do fogo
da luta
dos contrários
e esquerdistas
do meu Vitória
dos meus sapatos
dos de Alice e dos bebês ao nascer
do batom e do esmalte nas unhas
dos garis que ainda passam despercebidos
da rosa
da paixão
do beijo
do quadro na parede
Vermelho de Vanessa da Mata
Vermelho rubro do céu da boca de Sofia Federico
das antigas poltronas do cinema
das divas das décadas de 40 e 50
do tapete em noite de gala
de Bertolucci, Bergman e Felline