21 de março de 2008

Era uma vez na páscoa

Jenilson, era um menino só, não tinha ninguém, nem família. Vivia na rua e dormia em praças. Seus amigos eram os pombos. Só neles podia confiar, contar seus segredos e seus sonhos. Não era como os outros. Esperto, sempre atento ao que acontecia ao seu redor. Se livrava de emboscada dos outros meninos "companheiros" de rua. Uma esperteza de quem só vive como ele sabe como é. E uma doçura de quem almeja o quase impossível.

Apesar do triste olhar, enxergava beleza na vida e se divertia com as poças d'água da chuva. Ao ver outras crianças passarem com seus ovos de páscoa, suas famílias "perfeitas", bem vestidas e de quatro portas; Jenilson parava. Seu olhar se perdia no tempo, como quem desejava aquilo também. Ele desejava. Ele merecia. E ele precisava. Apesar da falta de tantas coisas, e da negligência de todos, Jenilson ainda tinha fome de vida. E ficava a se divertir com seus amigos pombos, criando estórias e pintando seus ovos com as cores da "sua" rua.

2 comentários:

Jackie disse...

Pois é Neiloca. Em pensar que a gente baixa a cabeça e se sente menos por coisas tão banais. Precisamos saber quem tem gente pior pra ter certeza que temos sorte na vida?
Beijo

Fausto Mattos disse...

Sociedade individualista,
fruto de uma política liberal, positivista.
Resultado;
Negligência, abandono e desigualdade.
Até quando???